ESCOLA DE PANIFICAÇÃO: UM SONHO QUE SE REALIZA
ESCOLA DE PANIFICAÇÃO: UM SONHO QUE SE REALIZA
A ideia de criar uma Escola de Panificação para atender a categoria é antiga e, de certa forma, permanente. Na década de 1950, ocorreram às primeiras tentativas do nosso Sindicato oferecer um curso de panificação, pois, vários dirigentes da época já percebiam a necessidade de qualificar e profissionalizar os trabalhadores da panificação, em especial os padeiros e confeiteiros.
Então, em 1953, surge o primeiro curso de panificação, fruto de uma parceria do nosso Sindicato com a empresa fleischmann empresa que produzia fermento e produtos para o setor de panificação e confeitaria -, transformando em realidade a ideia tão debatida entre os dirigentes da época como os companheiros Gentil Neves Correia, Reginaldo Dias do Nascimento, Adolfo chaveirinho, entre outros.
Quando chegamos ao Sindicato, no começo dos anos 70, percebemos a necessidade de buscar maior profissionalização e qualificação para os trabalhadores, pois a realidade nos mostrava que, apesar de sermos uma categoria essencial, ainda não tínhamos o reconhecimento da sociedade. Diz Chiquinho Pereira, presidente do nosso Sindicato.
Chiquinho relata que começaram a discutir no Sindicato que isso não era justo. Primeiro, porque havia uma necessidade por conta da própria economia, quer dizer, se o setor quisesse se estabelecer e ganhar espaço dentro da economia no país teria que se profissionalizar no mais amplo sentido e isso inclui questões como o cuidado com a higiene pessoal, higiene no processo de fabricação, a questão das mais amplas formas de segurança que, no conjunto, significaria a segurança alimentar.
A questão da profissionalização iria desde o trabalho, no sentido de produzir um produto de qualidade e que pudesse buscar um espaço nesse segmento da economia. E isso, evidentemente, nos remeteu a uma série de outras discussões, porque o perfil da categoria era de certa forma complexo.
Até os anos 80, a composição da categoria, por parte dos empregadores, era constituída por 95% de portugueses e, mais ou menos na mesma proporção, a composição da categoria era de trabalhadores vindos do nordeste brasileiro, em uma situação bem complicada, onde eles tiveram que deixar o sertão nordestino, para escapar da seca em busca pela sobrevivência.
Com isso, foi se formando uma categoria com um grau de instrução e de cultura muito baixo. Como profissionaliza trabalhadores com esse grau de dificuldade? É um desafio realmente muito grande.
AS PRIMEIRAS TENTATIVAS
Segundo relatos, alguns projetos iniciais esbarraram na questão do grau de instrução que os trabalhadores tinham. Chiquinho conta histórias fantásticas dos primeiros cursos que foram realizados pelo Sindicato. Tinham momentos em que os trabalhadores, para não expor suas limitações, diziam assim: Olha, Chiquinho, me fala qual a receita que você quer que eu faça e te entrego pronta, agora não me ponha para fazer pesos e medidas. Isso porque eles tinham o domínio da prática, mas não da teoria.
Toda essa situação a gente teve que compreender e respeitar, porque era a realidade e não tinha jeito. Não era falta de vontade e nem falta de querer, mas sim porque havia uma limitação natural. Portanto, todo o processo e tentativa de profissionalizar o setor tinham como ponto de partida esses dois elementos: a limitação dos trabalhadores por conta do grau de instrução e nível cultural baixos, assim como os patrões que não tinham visão administrativa do seu próprio negócio e também eram limitados intelectualmente. Relata Chiquinho Pereira.
SELEÇÃO DOS ALUNOS
Os trabalhadores serão informados sobre os critérios e data da seleção para os cursos assim que for finalizado todo o processo de montagem da Escola, como, por exemplo, a grade curricular e toda burocracia necessária para o seu funcionamento. Infelizmente, houve um atraso das obras, mas, está sendo corrigido para permitir sua inauguração ainda neste semestre.
O critério de seleção será pelos cursos, ou seja, o trabalhador irá realizar o curso que melhor atende sua função. Inicialmente, vamos trabalhar com o pessoal da categoria, porém, existe a ideia de ampliar o curso para outros trabalhadores. Isso vai depender, no entanto, da possibilidade de realizarmos parcerias com os governos municipal e estadual.